Os Beatles e a contabilidade

Na fantástica história dos Beatles, a contabilidade aparece numa pequena passagem bem curiosa que resultou num dos hits mais aclamados do quarteto, um dos pontos altos de George Harrison na banda.
Era 1966 e a Beatlemania já tinha estourado. A banda se preparava para lançar mais um grande disco da sua biografia, dando início a sua fase psicodélica. Na estrada há quase cinco anos, tendo conquistado o mercado americano e vendido milhões de discos, os Beatles não eram mais só quatro jovens tentando emplacar um hit, mas sim um negócio muito lucrativo. Foi quando os músicos começaram a se perguntar: quanto dinheiro a gente tem?
A resposta deixou os quatro jovens indignados: não muito. Ou, pelo menos, bem menos do que eles imaginavam. “Nós éramos muito ingênuos, você pode ver por qualquer um dos negócios que a gente fez na época” explicou anos depois Paul McCartney. Mas quem acabou transformando toda a indignação em música foi George Harrison, que ficou furioso ao descobrir que fazia parte do grupo chamado de “Imposto Complementar Britânico”, o que o obrigava a pagar 19 xelins e 6 pence pra cada 20 xelins (1 libra).
E assim surgiu a música Taxman (cobrador de impostos), faixa de abertura do aclamado disco Revolver, que logo no primeiro verso da sua ácida letra já diz “let me tell you how it will be / It’s one for you nineteen for me”.
A saída pra amenizar a mordida do Leão Inglês veio com Brian Epstein, empresário dos Beatles. Ele ficou sabendo de um esquema em que um homem cobrava uma quantia “módica” para morar nas Bahamas e levar o dinheiro pra lá, onde não seriam cobradas taxas. No fim, não funcionou, e os quatro precisaram trazer o dinheiro de volta, pagar as taxas que queriam evitar e a comissão ao tal homem. “A gente devia era ter deixado o dinheiro onde estava mesmo” assumiu um resignado Ringo Starr.
De fato, as taxas cobradas pelo governo trabalhista de Harold Wilson, primeiro-ministro da Grã-Bretanha na época, eram altíssimas e muitos milionários começaram a se mudar para outros países numa tentativa de fugir dos impostos. Entre eles, outra famosa banda de rock, os Rolling Stones.
A crítica política também está registrada na letra de Taxman, nos backing vocals que cantam “Mr. Wilson” e “Mr. Heath”, uma alusão a Harold Wilson e ao líder da oposição Edward Heath.
Restou aos Beatles ficar na Inglaterra e utilizar os serviços de um bom contador. No caso, o Sr. Harry Pinsker, que cuidou das finanças da banda durante toda a sua trajetória. 50 anos depois, quando questionado sobre a música Taxman e a história por trás dela, ele ofereceu um ponto de vista que somente alguém que dedicou a vida à Contabilidade poderia: “eram quatro rapazes desarrumados que não queriam pagar impostos”.

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