Nunca se falou tanto em empreendedorismo no Brasil como nos últimos anos. Com o grande estímulo de jovens e adultos em seguir no próprio negócio, cresce também a competitividade para entregar qualidade e se posicionar no mercado.
Para se ter uma ideia do tamanho da competitividade, o SEBRAE apresentou um gráfico com o crescimento de CNPJ criados até 2012.
As pequenas e médias empresas têm competido fortemente com as grandes empresas. Segundo infográfico da Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo, as médias empresas demonstraram maior capacidade em se adaptar e competir em ambientes de mudanças tecnológicas, influências da inflação, investimentos na economia, nas mudanças de hábitos de consumo e até mesmo com a entrada de mais empresas no mercado.
Um dos assuntos que têm se tornado pauta de grandes reuniões entre os gestores é com a Gestão do Conhecimento e como difundir ideias dentro da empresa. Com o mercado cada vez mais competitivo, algumas mudanças nos processos produtivos são fundamentais para o sucesso do negócio.
O QUE É A GESTÃO DO CONHECIMENTO?
Segundo Karl Erik Sveiby – pesquisador da Queensland University of Technology, na Austrália e um dos consultores gerenciais mais conhecidos da atualidade -, a gestão do conhecimento é a arte de criar valor a partir dos ativos intangíveis da organização, não sendo mais uma moda de eficiência operacional, fazendo parte da estratégia empresarial. Traduzindo, a Gestão do Conhecimento é propagar um novo espírito para a sua empresa, fazendo com que a inteligência de cada colaborador seja coletiva.
O termo Gestão do conhecimento tomou grandes proporções na década de 1990, quando passou a ser conhecido pelos gestores e dentro das universidades. A ideia defende que os processos baseados em sistemas tangíveis percam espaço para os novos modelos de produção – em forma de informação e conhecimento – cada vez mais intangíveis.
Fazer com que os colaboradores compartilhem ideias, dificuldades e cases entre si é fundamental para propagar o conhecimento, melhorando o clima organizacional e, consequentemente, a produtividade da organização.
O CONHECIMENTO EXISTE EM QUALQUER EMPRESA. DE QUALQUER TAMANHO
Agora vem aí uma notícia boa. Se o seu negócio é de médio ou pequeno porte, saiba que mesmo as grandes empresas que podem usufruir de setor de Recursos Humanos, implantar a gestão do conhecimento passa por um processo de adaptação há longo prazo.
Este termo pode parecer muito distante da realidade da sua empresa e você até pensar que ele não é útil para o seu negócio ou que vai te custar algum investimento, mas saiba que a Gestão do Conhecimento, segundo Camila Pires, coordenadora de Gestão da Endeavor, nada mais é, na prática, do que “trocar os óculos, ou seja, a maneira com que se olha para a empresa”, descobrindo novos processos e novas oportunidades de mercado que você acreditava que sua organização não teria potencial.
ONDE ESTÁ O “CONHECIMENTO” DENTRO DAS ORGANIZAÇÕES?
IDENTIFICANDO E APLICANDO A GESTÃO DO CONHECIMENTO
Se você quer descobrir onde pode encontrar o tal do conhecimento dentro da sua empresa, reflita o seguinte:
- Como você organiza as suas atividades?
O conhecimento pode ser encontrado em vários processos de trabalho; nos prospects; nos relacionamentos, seja com os clientes, fornecedores, parceiros e afins. Mapear os procedimentos pode ser um facilitador em descobrir caminhos mais rápidos para se tomar uma decisão.
- Você também pode encontrá-lo nos documentos que estão guardados há tempos.
Lá você pode ter as respostas para muitas perguntas.
Lembra daquela discussão que aconteceu em alguma reunião, mas ninguém soube o que fazer porque se tratava de um negócio que ocorreu há muito tempo e a pessoa responsável já não está mais na empresa? Com o turnover em muitos segmentos, centralizar e organizar esses processos em algum software gratuito evita a perda de informações.
- Nas parcerias que você tem feito.
Por meio dos parceiros, muitas vezes as empresas terceirizam algumas atividades. Identifique no que a empresa se garante e no que ela precisa melhorar.
Procure potencializar a relação que você tem com os seus parceiros, isso trará um upgrade para o seu negócio, melhorará a percepção que seus clientes têm sobre a empresa e os serviços oferecidos.
- Como estão os relacionamentos internos e externos?
Valorize os relacionamentos dentro e fora da empresa. Estamos falando desde os parceiros, funcionários, até chegar aos clientes.
Com uma equipe motivada e com a ajuda de uma ferramenta de Customer Relationship Management (CRM), por exemplo, você poderá mapear tudo o que está acontecendo e perceber a necessidade de um cliente, antes mesmo dele saber o que está acontecendo.
Fazer uma reunião com os gestores da empresa periodicamente, expande a gestão do conhecimento. Ela faz com que a equipe seja despertada a pensar antes do problema nascer. Isso traz uma vantagem competitiva no mercado e você poderá oferecer um projeto, produto ou serviço antes de seus concorrentes. Lembre-se, gerir o conhecimento é algo intangível.
- O que as pessoas falam e fazem sobre a empresa?
Nesse momento, que é a hora de aplicar o conhecimento, toda a empresa precisa mudar a forma de enxergar a si mesma, as ideias precisam ser diferentes e fora da caixinha. Identifique as competências, conhecimentos, habilidades, postura e iniciativa.
Mapeie a estrutura e a posição estratégica de cada pessoa. Após isso, identifique onde estão os líderes que podem compartilhar suas ideias com outras pessoas. Isso é importante para que você possa realocar essa pessoa para os projetos pelas quais têm perfil de liderar ou executar.
Pense o seguinte: todo mundo tem algo a contribuir com a empresa e com os seus colegas de trabalho. Incentivá-lo a fazer um treinamento e ensinar outras pessoas fará com que ele se sinta valorizado, motivado e influencie a produtividade e criatividade dentro da empresa. Isso conta mais do que uma remuneração. Lembre-se, gerir o conhecimento é algo intangível.
Aposte também no processo crítico para saber o que cada um faz. Documentar os processos e ensinar às outras pessoas o que você faz. Quando alguém faltar, por exemplo, a equipe não terá problemas com as demandas.
- A cultura da empresa
A parte fundamental é ouvir a organização. Ouça o que ocorre no ambiente da empresa, principalmente nas ações naturais e espontâneas, ou seja, no café, no churrasco, no happy hour, no almoço. Ali você pode descobrir oportunidades e até iniciativas que já existem dentro da empresa, mas não são bem aproveitadas pelos gestores.
O engajamento dos líderes é primordial para o sucesso da Gestão do Conhecimento. Os líderes são os influenciadores e também são a ponte entre a equipe e o que a empresa sonha para aquele projeto.
Quando você valoriza as pessoas que querem fazer parte daquilo e você reconhece-as, você está garantindo muito mais resultado do que uma participação nos lucros. Divulgar os resultados, focando nos feedbacks positivos é essencial para uma retroativação e motivação.
- Inteligência competitiva
Mapeando e criando uma rotina do que está acontecendo no mercado te deixa mais preparado para se adequar às novidades do mercado, identificar uma oportunidade de negócio para o crescimento dele.
Aposte em Benchmarking. Faça uso dos cases, dos relacionamentos e até de eventos para saber o que está acontecendo no mercado.
Juntando todos os itens que comentamos ficará bem mais fácil para você entender como deverá estimular a inteligência competitiva.
- Lição aprendida. O que deu certo e errado?
Encontre essas respostas sem entender que são os personagens responsáveis pela falha ou pelo sucesso. Nunca haverá um culpado. Entenda o que poderia ter sido melhor, ter sido feito diferente e compartilhar com todo mundo.
Construa uma memória organizacional com a ajuda de depoimentos, vídeos em storytelling para sempre lembrar da essência da empresa e entender o que cada um pensa a respeito de determinado assunto.
ESTIMULE A ESSÊNCIA DA SUA EMPRESA
- Quanto maior a colaboração interna, maior a competitividade no mercado.
- Pense grande, mas plante o que você conseguirá colher.
- Valorize o que já existe: sejam as práticas ou as pessoas.
- Não perca o foco e seja flexível: comece a fazer e depois vá aprimorando as iniciativas.
- Busque a simplicidade: as pessoas entendem melhor as coisas simples.